SEU CARRO JÁ TEVE UMA CRISE DE IDENTIDADE?
- Rodrigo Vargas
- há 5 dias
- 2 min de leitura

Uma crise de identidade é um momento de conflito interno e questionamento profundo sobre quem somos, o que valorizamos e qual é o nosso papel no mundo. Ela costuma surgir quando a pessoa percebe uma incongruência entre o que acredita ser e o que está vivendo — seja em termos de valores, profissão, relacionamentos ou propósito de vida.
Em psicologia, o conceito foi amplamente desenvolvido por Erik Erikson, que descreveu a crise de identidade como parte natural do desenvolvimento humano, especialmente na adolescência, mas que pode reaparecer em outros momentos de transição.
Agora imagine que esse momento de pane existencial acontece dentro de um carro. Pois bem, um Jeep Compass decidiu experimentar sua crise de identidade em alto estilo: ao ligar o sistema multimídia, o SUV exibiu o logotipo da Fiat, e não o da própria Jeep.
Sim, você leu certo: um Compass que acha que é Fiat. E não é obra de poetas nem de donos filosóficos: trata-se de uma “falha curiosa no software” — provavelmente um bug no sistema Uconnect — resultado direto do fato de que Jeep e Fiat compartilham, no guarda-chuva da Stellantis, plataformas, sistemas e, aparentemente, confusões existenciais.
Mas o episódio é simbólico. Afinal, quem nunca teve um bug de identidade?O Compass exibe o emblema errado, e nós, às vezes, exibimos atitudes que não combinam com quem dizemos ser. Fingimos confiança quando estamos perdidos, exibimos potência quando falta direção. O carro precisava de um “procedimento de reaprendizado” para voltar ao normal — e muita gente também.
No fim das contas, esse episódio é um espelho daquilo que o trânsito reflete todos os dias: uma imensa crise de identidade coletiva sobre rodas. Tem motociclista irresponsável que se acha Valentino Rossi, motorista mediano que acredita ser um Ayrton Senna, e pedestre corajoso que se imagina como um Homem de Aço, pronto para vencer a travessia com o peito aberto. O resultado? Um trânsito confuso, caótico e perigosamente narcisista — onde todo mundo quer ser alguém que, na prática, não é.
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