SENADO APROVA PROPOSTA QUE ACABA COM FIANÇA PARA MOTORISTAS BÊBADOS QUE MATAREM NO TRÂNSITO
- Rodrigo Vargas
- 9 de set.
- 2 min de leitura

O ano era 2010, mas lembro como se fosse hoje. Havia há pouco tomado posse do cargo de agente de trânsito e estava ainda em período de monitoria. Em apoio ao plantão noturno, aproximadamente às 23 horas de uma noite de verão, meu monitor e eu recebemos um pedido de apoio com o etilômetro (conhecido popularmente como bafômetro) para uma ocorrência de danos materiais que era atendida por colegas da área central da cidade.
Ao chegarmos ao local, um veículo sobre a calçada parecia beijar a parede do prédio onde funciona uma escola particular, àquele horário, felizmente, já sem movimento. Muito agitado e visivelmente alcoolizado, o condutor aguardava do lado de fora do veículo, próximo aos agentes que atendiam a ocorrência, balbuciava algo a eles tentando se explicar.
Há uns dois metros de distância do condutor, eu segurava o aparelho, enquanto meus colegas explicavam para ele sobre como procederiam com o teste. Durante a explicação, percebi que o condutor não prestava muita atenção ao que o colega dizia e parecia um tanto incomodado com a minha presença. "Será que ele me conhece?" - pensei. Mas logo notei que a razão do incômodo estava nas minhas mãos. Completamente alheio ao que o colega dizia, ele o interrompe olhando em minha direção e exclamando:
Oh rapaz, vira isso pra lá! - como se o etilômetro fosse capaz de denunciá-lo daquela distância.
Nos anos que seguiram, atendi diversas outras ocorrências como aquela, nem todas tão cômicas, é verdade. Para ser sincero, a maioria com o final bem mais triste. Mas uma notícia que li recentemente me fez lembra dessa história e reacendeu a esperança de que cenas como essas não voltem a se repetir. O Projeto de Lei apresentado pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), aprovado recentemente no Senado. A proposta acaba com a possibilidade de pagamento de fiança para motoristas embriagados, que provoquem mortes no trânsito e responderem em liberdade. Na prática, o texto endurece a punição para quem mistura álcool e direção, garantindo a prisão preventiva nesses casos. Agora, o projeto segue para análise da Câmara dos Deputados.
A medida pode até soar óbvia para quem já presenciou as consequências trágicas dessa combinação, mas representa um avanço importante no sentido de valorizar vidas. Afinal, se o etilômetro sempre denunciou com números, talvez, daqui pra frente, a lei consiga denunciar com consequências.
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