QUAL O REMÉDIO PARA O TRÂNSITO?
- Rodrigo Vargas

- 25 de ago. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de ago.

Aproveitava o último final de semana das férias de inverno com minha esposa assistindo a um seriado. Nele, a protagonista contava sua saga para tentar destruir o império criado por uma poderosa empresa farmacêutica, responsável pela criação e comercialização de um potente analgésico semissintético a base de oxicodona, um opioide duas vezes mais forte que a morfina.
A oxicodona é considerada o remédio mais perigoso do mundo: além de o opioide ser altamente viciante, ele também é atraente por sua capacidade de anular qualquer dor física e promover uma sensação agradável de relaxamento e euforia. O medicamento já viciou mais de 2 milhões de pessoas somente nos Estados Unidos, país onde, em 2021, pela primeira vez na história a marca de 100 mil mortes por overdose de opioides por ano foi ultrapassada.
No decorrer da série, algumas manifestações começam a ser feitas por populares em frente à indústria responsável pela fabricação da medicação. Foi nesse momento que pausei o streaming e me voltei à minha esposa, dizendo:
É engraçado que eu nunca vi nenhuma manifestação em frente à nenhuma indústria automobilística (a não ser dos próprios funcionários, quando alguma delas fecha)...
Com toda a razão, ela me olha com cara de quem não entendeu absolutamente nada. Explico que toda droga tem efeitos colaterais, razão pela qual são (ou deveriam ser) vendidas estritamente sob orientação médica e que, quando prescreve uma receita, o médico se responsabiliza por eventuais efeitos. Mas quando o paciente, mesmo após ler a bula da medicação (algo bastante comum na nossa sociedade - hahaha), decide deliberadamente utilizá-la de forma ou em quantidade diferente da prescrita, é ele quem assume essa responsabilidade.
Assim como todo o medicamento, o automóvel foi criado com o objetivo de nos auxiliar e facilitar o nosso dia a dia. No entanto, por questões comportamentais, muitas pessoas acabam fazendo mal uso de ambos. No caso dos veículos, seja por não ler a sua "bula", que quase sempre fica praticamente intacta, porém empoeirada, no porta-luvas ou em alguma gaveta esquecida pelo seu proprietário; seja por não seguir o que é prescrito numa "receita" conhecida pela sigla CTB e que já tem 25 anos, mas que, assim como toda receita escrita a mão pelo médico, parece indecifrável para a maior parte da população.
Mas esse tipo de medicação é viciante! - exclamou ela.
Olha... já vi certos "adictos" levarem uma hora para vencerem uma distância de 2 km apenas para alimentarem seu vício. Vício que não abandonam sequer para buscar pão na padaria da esquina. E, assim como já mencionei em outro artigo, há aqueles que gastam o que têm e o que não têm para adquirirem mais uma "dose de 0 km", posteriormente tendo que se submeterem a economias extremas, tais como, exatamente, irem trabalhar de ônibus.
Enquanto isso, seguimos com essa epidemia que parece estar longe de ter um remédio. Porém, diferentemente daquela promovida pela oxicodona, a overdose aqui leva a morte de mais de 1,2 milhões de pessoas anualmente. E nem todas são adictas. Muitas sequer são usuárias. Ainda assim, estão expostas aos efeitos colaterais dessa droga...















Comentários