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MOBILIDADE PARA IDOSOS OU MAIS UM EMPURRÃOZINHO PARA A (O)FROTA?

MOBILIDADE PARA IDOSOS OU MAIS UM EMPURRÃOZINHO PARA A (O)FROTA?


O envelhecimento da população brasileira já é um fato incontornável. Segundo o IBGE, a expectativa é que, até 2030, o número de pessoas com mais de 60 anos ultrapasse o de crianças de até 14. Isso exige uma revisão urgente das políticas públicas voltadas à mobilidade urbana — especialmente quando falamos de autonomia, segurança e qualidade de vida para os idosos.

É nesse contexto que entra o Projeto de Lei 2937/2020, proposto pelo deputado Alexandre Frota (PSDB/SP). O PL prevê a isenção do IPI na compra de veículos zero quilômetro por pessoas com 60 anos ou mais, com o objetivo de tornar o carro novo mais acessível a esse público que cresce em número e relevância.


Um impulso à mobilidade para idosos?

Do ponto de vista da autonomia individual, a proposta pode representar um avanço. O carro, para muitos idosos, ainda é sinônimo de independência, especialmente em cidades médias e pequenas onde o transporte público é escasso, ineficiente ou hostil às necessidades da terceira idade. Ir ao médico, visitar amigos, fazer compras ou simplesmente passear pode deixar de ser um desafio logístico e emocional.

Além disso, ao facilitar o acesso ao veículo próprio, o PL pode contribuir para reduzir a dependência de terceiros, como filhos, netos ou motoristas de aplicativo, promovendo bem-estar e autoestima.

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Mas... e os impactos coletivos?

Por outro lado, a isenção do IPI sem critérios adicionais pode gerar consequências indesejadas para a mobilidade urbana como um todo.

  • Mais carros nas ruas significam mais congestionamentos, mais poluição e maior pressão sobre o já saturado sistema viário das grandes cidades.

  • Há também a questão da segurança no trânsito: embora muitos idosos conduzam com responsabilidade, o avanço da idade traz desafios naturais — como perda de reflexos, de visão periférica e de rapidez na tomada de decisão.

  • E nem todos os idosos se beneficiariam da medida: aqueles com baixa renda ou que não têm carteira de habilitação seguirão dependendo do transporte coletivo — muitas vezes precário e excludente.

Sem um olhar mais criterioso, o projeto pode acabar reforçando desigualdades dentro do próprio grupo etário, beneficiando apenas os que já têm algum poder de compra.

Uma política que estaciona na contramão?

É fundamental lembrar que mobilidade urbana não é só sobre carro. Uma política pública comprometida com o bem-estar da população idosa deveria também investir em:

  • transporte público gratuito e acessível,

  • calçadas niveladas e com rampas,

  • faixas de pedestres seguras,

  • bancos em pontos de espera,

  • e campanhas de educação no trânsito voltadas para todas as idades.

Dar incentivos fiscais para compra de carro pode parecer uma solução fácil, mas ela não substitui uma política de mobilidade inclusiva e sustentável.

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E no fim das contas…

Se o PL 2937/2020 for aprovado como está, é possível que vejamos mesmo uma enxurrada de carros novos nas ruas — todos devidamente isentos de IPI e, talvez, com um “adesivo de terceira idade” colado no para-brisa.

Ainda que mobilidade para idosos seja um assunto sério, no fim das contas, essa notícia parece até piada pronta: o nome do autor do projeto não poderia ser mais apropriado. Se depender dele, a FROTA sem dúvidas vai crescer. E muito!



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