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LOTAÇÕES: ENTRE A CHAMA DA INOVAÇÃO E AS CINZAS DO ABANDONO

LOTAÇÕES: ENTRE A CHAMA DA INOVAÇÃO E AS CINZAS DO ABANDONO
Foto: Revista PoaFoco


Da janela do ônibus, notei algo fora do habitual enquanto voltava do trabalho. Um movimento de curiosos aglomerados nas calçadas entorno de algo que, dali onde meu ônibus estava, eu não conseguia enxergar. Entretanto, logo notei que fitas e cavaletes bloqueavam completamente a Rua Florinha, importante via de ligação entre as avenidas Campos Velho e Cavalhada, acesso à zona Sul da cidade. Assim que o semáforo abriu e o ônibus arrancou, pude ver o motivo de todo aquele alvoroço: o que sobrara de um micro-ônibus completamente consumido pelas chamas jazia na faixa da direita, junto ao meio-fio. Provavelmente uma lotação...



O sistema de lotação de Porto Alegre, que já foi um modal inovador e referência em transporte seletivo desde o seu advento em meados da década de 70, enfrenta um cenário de enfraquecimento devido à falta de planejamento e à concorrência crescente com o transporte individual. No entanto, ao invés de deixá-lo definhar, poderíamos repensar sua função dentro da mobilidade urbana da capital gaúcha.


Com veículos menores e mais ágeis do que os ônibus convencionais, as lotações poderiam ser integradas ao sistema como transporte de ligação entre bairros próximos, funcionando como alimentadoras das linhas troncais. Dessa forma, os passageiros teriam acesso facilitado ao transporte coletivo de alta capacidade, reduzindo a necessidade de deslocamentos diretos ao centro da cidade com veículos menores e menos eficientes.

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Além disso, essa reestruturação permitiria a adoção de um modelo flexível, operando sob demanda, sem rotas fixas, de forma similar ao que ocorre em algumas cidades que implementaram o chamado DRT (Demand Responsive Transport). Esse formato, aliado a uma melhor roteirização e integração tarifária, poderia tornar o sistema mais eficiente e atrativo tanto para passageiros quanto para os operadores.



A viabilidade dessa proposta, no entanto, depende de um diálogo efetivo entre a Prefeitura de Porto Alegre, a Associação dos Transportadores de Passageiros por Lotação (ATL) e demais atores envolvidos. Sem articulação e planejamento estratégico, o risco é perder um serviço que poderia contribuir significativamente para um transporte público mais dinâmico e inclusivo na cidade.


Repensar o uso das lotações não é apenas uma alternativa para salvá-las da crise, mas uma oportunidade de modernizar a mobilidade urbana, tornando-a mais eficiente e alinhada às necessidades da população. Em grandes cidades, onde as demandas por transporte são cada vez mais complexas e dinâmicas, já não há mais lugar (e aparentemente nem capacidade) para viver "apagando incêndio".


 

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