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E SE ESSE EDIFÍCIO-GARAGEM FOSSE UM PRÉDIO DE APARTAMENTOS?

E SE ESSE EDIFÍCIO-GARAGEM FOSSE UM PRÉDIO DE APARTAMENTOS?


Fala-se muito em “humanizar o trânsito”. Mas, no fundo, isso significa mais do que pintar faixas coloridas no asfalto ou instalar lombadas. É sobre recolocar as pessoas — e não os veículos — no centro das decisões sobre a cidade. Pessoas que saem de casa ainda no escuro e que, muitas vezes, pegam mais de uma condução para chegarem ao trabalho. Pessoas que só torcem para que o seu ônibus não estrague na volta para casa, para que possam chegar alguns minutos antes das crianças dormirem.


Dia desses, fui levar minha esposa de carro até o trabalho, no centro. Ao chegar lá, parado no sinal vermelho, avistei de longe um carro que subia por um sistema de elevadores de um edifício-garagem. Então, comecei a reparar na quantidade impressionante de edifícios-garagem — verdadeiros arranha-céus para carros. Todos sempre cheios, abrigando veículos que passam o dia inteiro imóveis, enquanto seus donos deixam ali, mês após mês, o equivalente a boa parte do próprio salário para garantir que eles “descansem” com conforto e segurança.

E então me veio o devaneio: e se, no lugar de cada uma daquelas vagas, houvesse apartamentos? Se, em vez de empilhar automóveis, empilhássemos pessoas que pudessem morar perto do trabalho, da escola, da vida? Talvez assim nos aproximássemos de uma cidade de 15 minutos, onde tudo o que precisamos estivesse a poucos passos ou pedaladas de casa.

Quantos congestionamentos deixariam de existir? Quantos minutos, horas e até anos de deslocamento seriam poupados? Talvez a cidade fosse mais silenciosa. Talvez o ar fosse mais limpo. Talvez sobrasse dinheiro — e tempo — para viver.


E por falar em viver, quando se fala em vidas perdidas no trânsito, fatalmente pensamos em pessoas que morrem em virtude de sinistros. Mas e se também pensássemos nas vidas desperdiçadas em horas e mais horas de congestionamento? Uma pesquisa de 2022 mostrou que, quem mora nas capitais do país, perde em média 21 dias por ano no trânsito. Nesse mesmo período, segundo estimativas da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), 1.932 pessoas morrem em sinistros viários.

No fim, seja pelo tempo que nos é roubado, seja pelas vidas que se vão, a conta é sempre a mesma: é o trânsito que está nos matando — de formas diferentes, mas todos os dias.

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