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COM QUAL IDADE DEVE-SE APOSENTAR A CNH E VIRAR PASSAGEIRO?

COM QUAL IDADE DEVE-SE APOSENTAR A CNH E VIRAR PASSAGEIRO?


O Dia Nacional do Idoso e Dia Internacional da Terceira Idade é comemorado em 1º de outubro. Além de homenagear as pessoas idosas, a data também tem como objetivo conscientizar e sensibilizar a sociedade sobre as necessidades desse público. O que me fez lembrar uma história que minha professora da disciplina de Psicologia do Envelhecimento contava ainda durante minha graduação.

Dona Neuza (nome fictício), uma participante de um grupo de idosos que minha professora coordenava, do alto de seus 70 e pouco anos, havia se acidentado recentemente. A família, preocupada, resolveu tirar-lhe o carro, sob o pretexto de que o mesmo ainda estava na oficina.


Eis que chega o dia da sua consulta e, mesmo que diversos familiares tivessem oferecido carona ou mesmo sugerido formas alternativas de deslocamento, ela recusara, pois já estava decidida: vou de ônibus mesmo. Mesmo depois das advertências sobre os "riscos do transporte público".

Ao embarcar, ela já se depara com o primeiro desafio: o coletivo já encontrava-se lotado àquele horário. Fica de pé na parte da frente do ônibus esperando que um assento vague depois da roleta. Passadas algumas paradas, um cidadão pra lá de suspeito sobe e para atrás dela. Alguns solavancos depois, ela olha para o próprio pulso que segurava o balaústre e dá falta do relógio. Nesse momento, ela se vira discretamente, aproxima do ouvido do cidadão suspeito e cochicha: "Me devolve agora o relógio, se não eu vou fazer um escândalo aqui nesse ônibus até tu ser linchado!" Sem dizer uma palavra, com cara de apavorado, o homem arranja espaço entre os passageiros e desaparece no fundo do ônibus depois de aparentemente depositar algo na bolsa da Dona Neuza.

Chegando em casa, ainda um pouco atordoada pelo ocorrido, ela larga a chave sobre o balcão e encontra o quê? Seu relógio dourado reluzente sobre o móvel. Surpresa, ela abre a bolça para certificar-se de que não havia nada faltando e o que ela encontra lá? Um relógio masculino!

Histórias à parte, você já parou para pensar em qual idade talvez devêssemos repensar dirigir — e talvez virar apenas passageiro? Um estudo recente europeu sugere um ponto de atenção: a partir dos 75 anos, muitos motoristas começam a apresentar uma queda significativa nos reflexos e na capacidade de atenção.

Mas calma: isso não significa que todo mundo de 75 anos deve deixar o volante imediatamente. O estudo serve como alerta para que façamos avaliações criteriosas e escolhas conscientes.

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🧠 Como os pesquisadores chegaram nesse número

Para estimar esse “momento de alerta”, os autores uniram diferentes fontes de dados: exames clínicos, simulações de direção e registros reais de acidentes envolvendo motoristas mais velhos. Na média, observaram que funções como visão periférica, coordenação motora fina e tempo de reação parecem se deteriorar mais intensamente na segunda metade dos 70 anos. Vale reforçar: eles não falam em “cortar geral”. O estudo ressalta que o envelhecimento é heterogêneo — e que fatores como saúde, histórico, uso de medicações etc. influenciam bastante.

Quais habilidades são mais afetadas com o tempo

Nesta “linha de alerta”, três aspectos merecem atenção especial:

  1. Visão lateral / periférica — deixa de captar com a mesma rapidez pedestres, ciclistas e veículos que surgem “lá dos lados”.

  2. Tomada de decisão em situações súbitas — diminuir a velocidade, mudar de faixa ou reagir ao inesperado demora mais.

  3. Sobrecarga em tráfego intenso — ambientes com muitos estímulos exigem atenção dividida e agilidade, algo que pode se complicar com o tempo.

Essas mudanças não surgem de um dia para o outro — costumam se acumular sem que percebamos, até que um evento mais complexo “expõe” as limitações.

Não é só a idade que manda

Uma frase importante do estudo: usar um número como 75 anos como regra rígida é arriscado. O ideal é avaliar cada pessoa por meio de exames físicos e testes cognitivos — memória, atenção sustentada, habilidades visuais, etc. Também é recomendável revisar condições médicas e medicamentos que interferem na capacidade de dirigir — como hipertensão mal controlada, distúrbios do sono ou remédios sedativos.

Assim, algumas medidas intermediárias podem ajudar:

  • Diminuir o quanto você dirige (menos quilômetros)

  • Evitar dirigir à noite

  • Evitar rotas mais complexas

E, quando necessário, decidir pela aposentadoria voluntária da CNH, com planejamento e alternativas de mobilidade.

E como é em outros países — e no Brasil?
Na Europa

Em vários países europeus, condutores de maior idade já têm exigência de exames médicos periódicos, triagens cognitivas e imposição de restrições (ex: só dirigir com lentes, evitar dirigir à noite, reavaliações mais frequentes). O foco é antecipar problemas em vez de esperar que acidentes apareçam.

No Brasil

Por aqui, não existe idade máxima para dirigir. O que temos é que, a partir dos 70 anos, a renovação da CNH precisa ser feita a cada três anos, com exame de aptidão física e mental. Especialistas defendem que esse processo de renovação inclua também testes cognitivos padronizados para detectar precocemente déficits que possam comprometer a direção segura.

Como decidir se é hora de “aposentar” a direção

Não há uma fórmula mágica, mas estes sinais merecem atenção:

  • Confundir-se em cruzamentos

  • Dificuldade para manter a faixa

  • Reações lentas em frenagens

  • “Sustos” frequentes ao volante

  • Desconforto em trajetos mais complexos

Se você notar esses indícios, é prudente buscar uma avaliação médica especializada antes de tomar qualquer decisão drástica. E caso realmente venha a decidir parar de dirigir, planejar a transição (acesso a transporte público, caronas, apps, apoio da família) faz grande diferença para manter qualidade de vida.

E o futuro? Tecnologia como aliada — mas não substituta

Veículos cada vez mais equipados com sistemas de assistência (frenagem automática de emergência, alerta de ponto cego etc.) têm potencial para mitigar algumas limitações da idade. Ainda assim, tecnologias não substituem a necessidade de um mínimo de aptidão. E a adoção dessas inovações varia bastante entre pessoas e veículos. Por isso, o papel das avaliações clínicas continuará sendo central para decidir quem deve seguir dirigindo e quem deve “aposentar” a CNH.



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