CARROS AUTÔNOMOS: REVOLUÇÃO CHEGOU, MAS O BRASIL AINDA NÃO ESTÁ PRONTO PARA O FUTURO
- Rodrigo Vargas

- há 14 horas
- 2 min de leitura

A chegada dos carros autônomos ao Brasil, antes vista como um cenário futurista, começa a ganhar forma com projetos-piloto já testados por montadoras e empresas de tecnologia. Entretanto, enquanto o mundo avança em direção à mobilidade inteligente, o Brasil enfrenta um paradoxo: mesmo diante do avanço tecnológico, o país ainda não possui arcabouço legal, infraestrutura adequada e governança digital capaz de sustentar essa revolução com segurança.
Tecnologia avança mais rápido que a legislação
Nos Estados Unidos, Europa e Ásia, veículos autônomos já circulam em vias públicas em fases de testes ou operação limitada. No Brasil, entretanto, não existe hoje uma legislação específica que regulamente a circulação de carros de nível 3, 4 ou 5 de autonomia.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), escrito em 1997, não prevê a figura do “condutor ausente” ou do “operador remoto”, criando um vazio normativo que impede testes em larga escala e travam investimentos internacionais no setor.
Especialistas apontam que o país corre risco de ficar para trás em competitividade, inovação e segurança, caso não avance rapidamente na regulamentação.
Infraestrutura defasada é obstáculo crítico
Além da legislação, o Brasil sofre com outro problema estrutural: a incapacidade de oferecer infraestrutura adequada para veículos conectados e inteligentes.
Sistemas autônomos dependem de:
sinalização horizontal e vertical de alta qualidade,
mapas digitais atualizados,
pavimentação regular,
sensores urbanos,
cobertura 5G estável,
centros de dados integrados ao trânsito.
Hoje, vários desses requisitos ainda estão longe da realidade brasileira — especialmente fora das capitais.
Riscos e responsabilidades ainda são um campo nebuloso
Outro ponto de tensão envolve a responsabilidade em caso de sinistros. Quem responde quando o condutor não está dirigindo?
A montadora?
O fornecedor do software?
O operador remoto?
O proprietário do veículo?
Sem respostas claras, o país permanece em um limbo jurídico que preocupa tanto empresas quanto especialistas em segurança viária.
Potencial para reduzir mortes e transformar cidades
Apesar das barreiras, a mobilidade autônoma representa uma oportunidade histórica para o Brasil. Estudos internacionais mostram que até 90% dos sinistros fatais estão ligados a falhas humanas — fator que sistemas autônomos tendem a reduzir drasticamente.
Além disso, veículos inteligentes podem:
otimizar o fluxo viário,
reduzir congestionamentos,
diminuir emissões,
integrar cidades inteligentes,
e tornar o transporte mais acessível para idosos e pessoas com deficiência.
Ou seja, o impacto social e urbano é profundo.
Brasil precisa escolher o caminho
Enquanto países lideram a corrida global da mobilidade autônoma, o Brasil segue dividido entre avanços tímidos e disputas internas sobre regulamentação.
Setor produtivo, especialistas em tecnologia, universidades e entidades de trânsito alertam que o país precisa assumir uma postura estratégica: criar marcos regulatórios modernos, investir em infraestrutura e garantir governança digital transparente.
A mobilidade autônoma não é mais um debate sobre o futuro. É uma disputa que acontece agora — e que definirá se o Brasil será protagonista ou espectador de uma das maiores revoluções tecnológicas do século.
Publicado originalmente: TransitoWeb















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