DE ZERO A CEM EM 16 ANOS: A EVOLUÇÃO DOS MOTORES
- Rodrigo Vargas
- 22 de ago.
- 3 min de leitura

Quando o primeiro automóvel a combustão interna surgiu, atingir 100 km/h parecia tão improvável quanto voar.Em 1886, o Benz Patent-Motorwagen — considerado o primeiro carro desse tipo — tinha um motor de apenas 1 cavalo de potência e velocidade máxima próxima de 16 km/h. Para a época, já era uma revolução: um veículo que dispensava cavalos de verdade e prometia deslocamentos “rápidos” sem suor animal. Mas 100 km/h? Isso era coisa de ficção.

A corrida para os 100 km/h
O final do século XIX foi um período de intensa experimentação automotiva. Enquanto o motor a combustão ainda engatinhava, veículos elétricos como o La Jamais Contente já conseguiam feitos impressionantes — em 1899, ele quebrou a barreira dos 100 km/h, atingindo 105,9 km/h. Mas o feito ainda não havia sido conquistado por um motor a gasolina.
Foi só 16 anos após o primeiro carro a combustão, em 1902, que o francês Mors Z, pilotado por William K. Vanderbilt, atingiu 122,4 km/h. O número, registrado em estrada, não só quebrou a marca simbólica como também mostrou que o motor a combustão tinha fôlego para disputar com qualquer outra tecnologia da época.

Do mito ao padrão técnico
Conforme os motores ficaram mais potentes e confiáveis, a barreira dos 100 km/h deixou de ser inalcançável. Nas décadas seguintes, qualquer carro de passeio minimamente robusto podia atingir a marca, e ela foi ganhando um novo significado: não mais um limite de velocidade, mas um marco de desempenho.
Foi assim que nasceu o costume de medir a potência dos carros em quanto tempo eles levam para ir de 0 a 100 km/h. O número era fácil de entender, prático para comparar e útil para o dia a dia: mostrava quão rápido um veículo reagia para ultrapassagens e arrancadas. Nos países que usam milhas por hora, a métrica equivalente virou o 0–60 mph (96,5 km/h).
A partir dos anos 1950, revistas automotivas começaram a cronometrar e publicar esse dado. Montadoras perceberam o apelo e passaram a incluí-lo em catálogos e propagandas. Era simples: quanto menor o tempo, mais esportivo o carro parecia.
Velocidades incríveis de hoje
Se, no início, levar 16 anos para alcançar os 100 km/h foi um marco, hoje o desafio é outro: quem chega mais perto dos 500 km/h.
O SSC Tuatara atingiu 475 km/h em testes verificados, com um motor V8 biturbo de 1.750 cv.
O Koenigsegg Jesko Absolut ainda não fez um teste oficial, mas estima-se que possa chegar a 531 km/h em condições ideais.
Há também métricas novas: aceleração de 0 a 200 km/h, 0 a 300 km/h, e o tempo de volta em pistas lendárias como Nürburgring, que viraram o “novo campo de batalha” dos supercarros.
De volta ao ponto de partida
O salto tecnológico é impressionante: de um veículo de 16 km/h, frágil e rudimentar, a máquinas capazes de ultrapassar 500 km/h com estabilidade e segurança mecânica — embora não necessariamente segurança para quem dirige.
Talvez a frase que melhor resuma essa história seja:
A evolução dos motores e a velocidade possibilitaram uma redução de tempo sem precedentes — sobretudo o tempo de vida.
O fascínio pela velocidade moveu a engenharia, o mercado e o imaginário popular. Mas, em meio a tantas conquistas técnicas, continua valendo a reflexão: até que ponto essa corrida é progresso… e até que ponto é autodestruição?
Jamais devemos esquecer os limites de velocidade que o corpo humano suporta. Um impacto à mais 200 km/h é potencialmente fatal, a brusca redução de velocidade no momento do impacto transforma os órgãos internos em uma sopa.