DA COZINHA PARA A GARAGEM: A SHARP E A NOVA REVOLUÇÃO ELÉTRICA
- Rodrigo Vargas

- 29 de out.
- 2 min de leitura

Tinha apenas uns cinco anos de idade, mas lembro como se fosse ontem: minha mãe chegando em casa com aquela novidade tecnológica chamada “forno de micro-ondas”, da marca Sharp. Uma caixa de madeira do tamanho de um televisor (os de tubo da época, é claro!) e tão pesada quanto. Ver a xícara de água sair fervendo daquele aparelho, após alguns botões apertados e um alerta sonoro pra lá de escandaloso, parecia mágica para aquela criança deslumbrada.
E hoje volto ao blog para contar algo parecido em termos de surpresa tecnológica: a Sharp — sim, aquela mesma que por décadas fez parte das nossas salas com televisores, videocassetes e outros eletrônicos — acaba de anunciar sua entrada no mundo dos carros elétricos. A empresa pretende revelar, no Salão de Tóquio de 2025, um conceito de minivan elétrica que deve chegar ao mercado em 2027, com apoio da Foxconn, sua controladora. O modelo promete ser um veículo acessível para famílias, com interior pensado quase como uma sala de estar sobre rodas, equipado com portas deslizantes, projetor, tela retrátil e arquitetura de 800 volts — mais próximo de um ambiente doméstico do que de um automóvel tradicional. A aposta surge em meio a um momento de reinvenção da marca, que busca se reposicionar no cenário tecnológico após dificuldades financeiras.
Como psicólogo do trânsito, não consigo deixar de observar o simbolismo desse movimento. A Sharp, que um dia levou a inovação para dentro das casas, agora quer levar essa mesma sensação para as ruas. A linha que separava o “aparelho doméstico” do “meio de transporte” vai se tornando cada vez mais tênue. Se antes o micro-ondas trouxe praticidade e encantamento à cozinha, agora o carro elétrico promete uma nova relação com a mobilidade — mais silenciosa, confortável e conectada. Essa transformação muda não apenas o modo de nos deslocarmos, mas também nossa percepção do tempo, do espaço e das interações no trânsito.
Lembro da sensação de magia diante do micro-ondas, e é curioso perceber que, décadas depois, ela ressurge no mesmo lugar: na promessa de que a tecnologia pode simplificar, humanizar e até emocionar. A Sharp quer provar que o futuro da mobilidade pode ser tão familiar quanto um eletrodoméstico — e talvez seja justamente aí que mora a verdadeira revolução.














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