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- DA URNA AO APLICATIVO: IRONIAS E REFLEXÕES SOBRE MOBILIDADE
Recentemente, fui convidado para ser o mestre de cerimônia do evento que promoveu o sorteio dos pontos fixos de táxi no município de Porto Alegre. Ainda que acostumado com palcos e microfones em função das palestras , como fora a minha primeira vez como cerimonialista, confesso ter sentido um certo receio. Não tanto pela formalidade que o evento suscitava, mas por aquele que deve ser o maior medo não só de cerimonialista, mas apresentadores, locutores e radialistas: sobrenomes. Quando li no cerimonial que no momento do sorteio, eu deveria ler o número do prefixo do táxi e o nome do permissionário, minha maior preocupação foi "e se me aparece um João Krzysztof ou um Cesar Kieślowski?" Felizmente, vi meu medo se dissolver quando um dos organizadores me informou que não era necessário dizer o nome do permissionário, apenas o número do prefixo sorteado (para a minha sorte). Tão logo recebi essa informação, enquanto fazia os últimos ajustes no cerimonial incluindo e alterando as autoridades presentes, recebo também um documento que deveria ser lido: a ata de fechamento da urna, assinada pelos três últimos permissionários, garantindo que a mesma fora devidamente lacrada. E para o meu espanto o que eu vejo quando leio os nomes? Não, não se preocupe... Não havia nenhum Krzysztof ou Kieślowski. Mas o último dos três permissionários chamava-se HUBER. Claramente um nome de origem germânica. No entanto, em função da fonética, é impossível não fazer relação com a famosa empresa de transportes por aplicativo. Isso me pareceu tão irônico quanto alguém da família Bacon se tornasse cardiologista ou um pneumologista chamado Marlboro! O que me fez lembrar de um urologista que consultei certa feita que chamava-se Caio. Lembro de ter comentado com a minha esposa: "Ainda bem que o sobrenome desse médico não é Pinto, pois se fosse ele dificilmente arranjaria pacientes... No fim das contas, o evento transcorreu sem grandes tropeços – nem nos sobrenomes, nem no cerimonial. Mas ao observar aquele sistema de sorteio, com papeizinhos retirados de uma urna, não pude deixar de pensar no contraste entre o tradicional e o moderno. Enquanto os aplicativos de transporte revolucionaram a mobilidade com algoritmos e inteligência artificial, o sistema de táxi de Porto Alegre ainda define seus pontos fixos com a simplicidade de um sorteio manual. Não que o método seja necessariamente ruim – há algo de democrático e transparente nesse ritual quase solene. Mas talvez seja também um lembrete de que tradição e inovação não precisam ser opostos. Assim como o nome de um permissionário pode remeter a uma empresa de tecnologia sem que um tenha qualquer relação com o outro, o futuro do táxi pode muito bem abraçar a modernidade sem perder sua essência. Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- HATERS: DA INTERNET PARA O TRÂNSITO
Embora "haters" seja um termo novo, discursos de ódio são práticas antigas, que caminham lado a lado com a história da humanidade. O termo “hater” (ou odiador, traduzindo-se para o português) é muito utilizado nos meios virtuais, ou seja, internet e redes sociais, para definir pessoas que costumam tecer duras críticas a pessoas, instituições ou mesmo situações. Embora seja um termo razoavelmente novo devido à recente popularização da internet, discursos de ódio são práticas antigas, que caminham lado a lado com a história da humanidade, independendo dos meios comunicacionais de cada época. Exemplo disso é o livro Mein Kampf (Minha Luta), escrito por Adolf Hitler entre os anos de 1925 e 1926, que serviu de substrato vindo a dar origem ao Nazismo e até hoje é considerado uma espécie de “Bíblia” por integrantes de grupos Neonazistas. O nacionalmente famoso professor Leandro Karnal, em um de seus muitos vídeos extraídos de palestras e entrevistas, faz reflexões que nos levam a entender melhor as manifestações do ódio entre as pessoas e o quanto esse sentimento une as pessoas, mais especificamente dentro da sala de aula, nesse caso. Quando um professor é extremamente rígido com sua turma, cobrando um desempenho acima da média de seus alunos, o que lhe confere muitas vezes o título de “carrasco”, invariavelmente, esses tendem a unirem-se contra ele, ao invés de organizarem grupos de estudo para que possam corresponder à cobrança do mestre, por exemplo. Com a facilidade de acesso aos mais diversos meios de comunicação existentes na atualidade, ocorre uma intensificação desse sentimento, o que acaba muitas vezes levando à organização de grupos que se disseminam através de ferramentas como o Whatsapp, por exemplo. Recentemente, foi noticiada nos principais jornais de grande circulação da capital gaúcha a denúncia de que assessores de um vereador porto-alegrense haveriam criado um grupo no Whatsapp no qual, além de supostamente estarem sendo divulgados locais de blitz, o que é considerado crime atualmente, seriam incentivados atos de violência contra os agentes de trânsito da cidade ( saiba mais ). E como participo de diversos grupos com a temática trânsito, me foi disponibilizado em um desses um link para acessar o referido grupo, denominado De olho na EPTC . Segundo um dos administradores pelo qual fui “recepcionado” no grupo, esse teria como objetivo: Esse grupo é sobre a EPTC. Vamos fiscalizar o trabalho deles, receber denúncias e monitorar os abusos que eles cometem! Resolvi não tecer comentário nenhum, apenas observar o que aconteceria ali. Um colega, que também parecia ter entrado há pouco no grupo, questionou se o grupo seria apenas para divulgar críticas sobre a instituição ou boas ações também. Sendo que nada foi respondido ao questionamento, resolvi contribuir com apenas dois links. Não me apresentei, não cumprimentei ninguém nem disse de onde era ou em que trabalhava. Só postei os seguintes links: https://www.eadeptc.com.br/ https://eptctransparente.com.br/ … e foi o suficiente para que eu fosse excluído no mesmo instante do grupo. Como isso jamais me havia acontecido, tentei acessar novamente o grupo pelo mesmo link. Foi quando descobri que você não pode acessar um grupo do qual foi excluído. Resolvi então me remeter ao administrador que me fez o favor de me remover do grupo, dizendo: Bom dia! Desculpe a minha indelicadeza, mas achei que o grupo abria espaço para o contraponto, mas percebi que a parcialidade é umas das premissas desse grupo. Ao que ele respondeu: Esse grupo foi criado para recebermos denúncias, críticas e irregularidades causadas pela EPTC. Não tem como objetivo o debate . Logo teremos uma CPI da EPTC e precisamos juntar todas as informações possíveis. Peço que quem queira debater, questionar ou qualquer outra coisa parecida que crie outro grupo ou chame o colega no privado. Muitas pessoas afirmam que a internet potencializa o ódio entre as pessoas. Acredito que o instrumento é neutro. O mal está nas pessoas, não na forma como elas interagem e se relacionam. A internet é um instrumento relativamente novo, assim como o automóvel. Se as pessoas se odeiam tanto no meio virtual atualmente é pelo fato de ser o “local” no qual elas se encontram. O mesmo ocorre no trânsito, desde que esse passou a ser o modo vigente de locomoção. No entanto, ambos dividem algo que pode ser um facilitador para tais atos: a proteção de um relativo anonimato. Dirigindo-se não mais que 30 minutos em horário de pico pelas abarrotadas avenidas de um grande centro urbano nos dias de hoje, ao som de buzinas e gritos nervosos, sinais de luz alta e gestos frenéticos (não aqueles reconhecidos pelo CTB, é claro!), infelizmente, sou levado a concordar com o matemático e filósofo britânico Bertrand Russell, quando afirma: O coração humano, tal como a civilização moderna o modelou, está mais inclinado para o ódio do que para a fraternidade. Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- O DIA EM QUE MEU CARRO TEVE UM INFARTO
Meu carro sempre teve personalidade própria. Às vezes, roncava animado de manhã, às vezes, tossia como um fumante de longa data ao dar a partida. Mas ultimamente, ele vinha apresentando sintomas preocupantes: engasgos, falta de ânimo, e um comportamento errático que faria até um GPS perder a paciência. Até que um dia, simplesmente, parou. Tentou, gemeu, mas não deu sinal de vida. Seria o seu fim? Chamei o primeiro guincho que encontrei no Google e, com a velocidade de uma ambulância que leva um paciente para a UTI, chegamos na oficina, aquele hospital para automóveis, onde os doutores da graxa, também conhecidos como mecânicos, analisaram o paciente com olhares clínicos. O diagnóstico veio rápido: "A bomba de combustível queimou!" Ou seja, meu carro teve um infarto. O mecânico, com ares de cirurgião-chefe, foi categórico: “Antes de qualquer coisa, precisamos fazer o coração voltar a bater”. A situação era grave. Não havia mais pulso. O motor, esse coração de ferro, precisava de um transplante urgente. A equipe entrou em ação. Ferramentas viraram bisturis, graxa virou plasma e, no lugar de enfermeiros, tínhamos ajudantes de mecânico segurando lanternas com a precisão de um anestesista. O motor, outrora vibrante e cheio de vida, jazia ali, silencioso, esperando pelo milagre da combustão. Depois de um transplante de bomba de combustível, o motor finalmente respondeu. Primeiro com um gemido rouco, depois com um ritmo mais constante. Era como se meu carro tivesse saído de um coma induzido. O mecânico então fez um check-up completo: revisão de bicos injetores, checagem de velas, troca de cabos – um verdadeiro check-up. Afinal, se um carro tem coração, ele também tem pulmão (filtros de ar), veias (mangueiras), sistema nervoso (fiação) e, claro, uma personalidade forte (qualquer dono de carro sabe disso!). "Agora ele tá zerado, mas vê se dá um combustível decente pra ele, né? Nada de ficar enchendo com aquela gasolina suspeita de posto duvidoso. Coração bom precisa de alimentação boa!" - disse o mecânico. Saí da oficina sentindo que, mais do que um carro, eu tinha um paciente recém-operado. Liguei o motor com delicadeza, como quem sussurra "vai ficar tudo bem". Ele respondeu com um ronco macio, quase emocionado. Como qualquer ser humano, ele só precisava de um pouco de cuidado – e talvez menos traumas causados pelo combustível vagabundo. Moral da história? Se o seu carro começa a engasgar, não ignore os sinais. Pode ser só um resfriado… ou um aviso de que está prestes a ter um ataque cardíaco. E ninguém quer ter que fazer respiração boca a boca no radiador, quer? Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA
Aos prezados colegas advogados e especialistas em legislação de trânsito, de antemão, deixo uma advertência que irá economizar dois ou três minutos do seu tão atribulado e corrido dia: esse artigo não fala sobre leis de trânsito! Pessoalmente, nutro grande admiração por colegas que demonstram amplo conhecimento dos 341 artigos do Código de Trânsito, não perdendo qualquer oportunidade para citá-los de cabeça, sempre à ponta da língua. Embora seja originalmente agente de trânsito, devido ao tempo afastado da fiscalização, não tenho essa capacidade. E, em verdade, nunca tive! Entendo (com todo o respeito aos referidos colegas) que a capacidade de decorar artigos, com mais ou menos esforço, qualquer um tenha. Mas a utilidade disso hoje, na minha opinião, equivale a gravar números de telefones na cabeça. A tecnologia já nos permite consultar o CTB, seus artigos, desdobramentos e resoluções de qualquer lugar de um simples Smartphone. Diversos especialistas são unânimes em afirmar que o Brasil tem um dos melhores códigos de trânsito do mundo. Temos aqui muitas leis que não existem em países desenvolvidos. E, talvez, seja exatamente esse o maior problema do nosso CTB: o excesso de normas. Só de resoluções são mais de mil, até então… Convido o caro leitor para um breve exercício. Imagine você a seguinte situação: certo dia você chega cansado de um dia de trabalho e a única coisa que você quer é entrar em casa e relaxar. Ao abrir a porta do apartamento, você se depara com sua esposa, com a vassoura na mão, terminando uma faxina (e isso não tem nenhum cunho sexista, até porque a faxina lá em casa é compartilhada). Ela o impede de entrar, dizendo não querer que você marque com a graxa dos seus sapatos o chão que ela acabara de encerar. Abnegado, você tira os sapatos para poder entrar, o que, no fim das contas, acabou até sendo bastante relaxante… Eis que ela o questiona com tom impositivo se vai realmente ficar de meia, estando o chão encerado. Segundo ela, o risco de uma queda seria enorme. Você prontamente tira a meia (não esqueça que ela ainda está com a vassoura na mão…). Passados alguns minutos, ela exclama já ser tarde e que seus passos, com os pés descalços, fazem barulho que podem estar incomodando os vizinhos do andar inferior. Você vai até o quarto e calça um par de chinelos, pois não tem a intenção de começar uma discussão àquela hora da noite. E, por já ser noite, ela o interpela novamente, afirmando que você pegaria um resfriado se ficasse só de chinelo com o frio que estaria fazendo. Você, por um minuto, se impacienta. Mas logo percebe a preocupação dela com a sua saúde e volta ao armário para buscar um par de tênis. Eis que você está voltando à sala de tênis, extremamente satisfeito pela relação de afeto e cuidado que você tem com sua esposa, quando, antes mesmo de chegar lá, você ouve os gritos dela do sofá dizendo odiar o barulho que a sola daqueles tênis faziam em contato com o piso encerado. “Você não tem um outro par de sapatos que possa calçar?!” – pergunta ela. Você, pensando em várias coisas, como o real sentido de toda aquela discussão, a razão pela qual as pessoas se casam e o estatuto do desarmamento, da meia volta, vai novamente até o armário e, mesmo já estando de pijama, acaba calçando o mesmo par de sapatos com os quais você chegara em casa há algumas horas. E a vida segue tranquilamente, como se nada tivesse ocorrido… São situações desse tipo que fazem com que existam na nossa sociedade a “lei que pega” e a “lei que não pega”. Chegamos ao cúmulo de termos a necessidade de legislar sobre o óbvio! Assim como no exemplo da imagem abaixo, onde o governo do estado do Rio de Janeiro instalou há algum tempo em Niterói placas de Proibido Assaltar . De nada adianta termos leis para tudo se as mesmas não forem fiscalizadas e se seus infratores duramente penalizados. Existem casos de países, como a Espanha, por exemplo, que conseguiram em um curto espaço de tempo reduzir drasticamente a mortalidade no trânsito com essas medidas. Essas, que são medidas com resultados obtidos em curto prazo, associadas a medidas educativas, que geram resultados em longo prazo, fariam de fato alguma diferença no trânsito brasileiro. E no que diz respeito à educação, se não apenas os futuros candidatos à habilitação, pois nem todos se tornarão necessariamente condutores, mas todos os cidadãos, que utiliza de alguma forma as vias públicas, saíssem das escolas conhecendo pelo menos um dos vinte capítulos do CTB, sendo mais especificamente o capítulo III, que se refere às NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA , teríamos certamente um trânsito de fato seguro, no qual todos estariam cientes de suas responsabilidades e não precisaria se legislar sobre coisas óbvias e banais. E, dessa forma, seria mais fácil a implementação de um CENTRO DE (TRANS)FORMAÇÃO DE CONDUTORES . Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- O QUE APRENDI COM OS PATINETES ELÉTRICOS
Imagem: Whoosh Há aproximadamente seis meses, Porto Alegre voltou a contar com um serviço de compartilhamento de patinetes elétricos. Desde então, o serviço vem sendo oferecido pela empresa Whoosh , que se apresenta como "O novo caminho para mobilidade urbana", tendo disponibilizado 450 patinetes em regiões centrais da cidade. Na ocasião, o então Secretário de Mobilidade Urbana destacou: “Entendemos a importância da integração da micromobilidade, com especial atenção à segurança viária e o uso adequado dos equipamentos. Na mobilidade urbana, pensamos a cidade para todos os modais e os patinetes são fundamentais no complemento ao sistema de transporte.” Recentemente, recebi uma missão um tanto quanto inusitada: testar um desses patinetes. Por operarem em regiões centrais da cidade, as quais são naturalmente mais populosas, justamente por questões de segurança, a prefeitura solicitou à empresa Whoosh que limitasse a velocidade dos aparelhos em locais com maior circulação de pedestres, passando dos habituais 24 para 12 km/h. Quando recebi a incumbência de verificar se tal alteração havia de fato sido realizada pela operadora dos patinetes, a primeira dúvida que me ocorreu foi: como o patinete é configurado para que a velocidade seja limitada apenas em determinadas áreas? Tão logo abri o aplicativo, conforme a imagem a seguir, minha hipótese foi confirmada: geolocalização. A área circulada em vermelho refere-se à zona de atuação dos patinetes em velocidade normal, ou seja 24 km/h. Já as circuladas em laranja, são aquelas de velocidade reduzida. Notei, com certo espanto, que a preocupação do Secretário no que dizia respeito à segurança havia de fato sido considerada pela empresa quando, ao adentrar na área onde era prevista velocidade máxima de 12 km/h, com uma precisão surpreendente, o patinete emitiu um sinal sonoro, uma simpática tartaruguinha começou a piscar no visor do seu painel e sua velocidade foi instantaneamente reduzida pela metade. Assim como sucedeu no sentido contrário, quando ao deixar a área de velocidade reduzida, um novo sinal sonoro fez sumir a tartaruguinha do painel e o patinete voltar a acelerar agilmente até sua velocidade normal de 24 km/h. Eu, que há tempos sou um defensor ferrenho da redução da velocidade máxima em perímetros urbanos, não pude me privar de pensar ao descobrir aquela fantástica funcionalidade daquele pequeno veículo de não mais de 15 kg e R$ 5.000 (creio eu): "Como podem veículos automotores de mais de uma tonelada e que custam dezenas (às vezes até centenas...) de reais a mais que esse pequeno patinete ainda não contarem com essa tecnologia?" Imagine você viver em um mundo onde não houvesse mais controladores de velocidade... Um mundo no qual você pudesse viajar tranquilamente, sem preocupar-se com as constantes mudanças de velocidade máxima das rodovias que cortam zonas urbanas... Um mundo em que crianças saíssem andando com segurança de suas escolas e seus pais pudessem esperá-las com tranquilidade, sabendo que nenhum veículo mais seria capaz de cruzar a frente de uma escola a velocidades superiores que 30 km/h! Tudo isso porque o próprio veículo seria configurado a reduzir, através de sua geolocalização, em determinadas áreas da cidade preestabelecidas pelos órgãos gestores do trânsito. Aquele breve passeio de não mais que 5 minutos me fez aprender que tecnologia para tal já existe. Resta ainda saber: existirá vontade política para isso??? Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- SERÁ O PRÓXIMO GURGEL?
Fundada em 1969 pelo engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, a Gurgel Motores destacou-se por desenvolver veículos com tecnologia própria, como o Gurgel Xavante e o BR-800. Apesar de sua inovação, a empresa enfrentou desafios econômicos e encerrou suas atividades em 1996. Atualmente, a Lecar emerge com uma proposta de mobilidade sustentável. Fundada por Flávio Figueiredo Assis, a empresa está desenvolvendo o Lecar 459 Híbrido, um veículo que combina um motor a combustão flexível com um gerador de energia, alimentando baterias que impulsionam o motor elétrico responsável pela tração. Esse sistema elimina a necessidade de recarga externa, oferecendo uma solução prática para os consumidores brasileiros. A empresa ainda promete entregar um motor de 165 cavalos de potência, que chegará de 0 à 100 km/h em 10.9 segundos e impressionantes 1.000 km de autonomia com apenas 30 litros de etanol! A fábrica da Lecar está sendo construída em Sooretama, Espírito Santo, com previsão de inauguração em agosto de 2026. Além disso, a Lecar foi habilitada ao Programa MOVER, que visa o desenvolvimento sustentável da indústria automobilística brasileira, focando em incentivar o desenvolvimento de tecnologias, inovação e eficiência energética para promoção da mobilidade sustentável no país. Estima-se que a autorização de crédito financeiro da habilitação do MOVER trará recursos de até R$ 3 bilhões à montadora. Que a trajetória da Gurgel sirva de inspiração e aprendizado para a Lecar, e que esta nova empreitada alcance sucesso duradouro, consolidando-se como um símbolo de inovação e sustentabilidade na indústria automobilística brasileira. Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- O MAESTRO DAS CIDADES
Para os especialistas em segurança e engenharia de trânsito Eduardo Biavati e Heloísa Martins, a existência de uma estrada ou de um conjunto de vias, as ruas, é condição essencial para o desenvolvimento das cidades. Mas por que tamanha importância? Porque é através das ruas que ocorre toda a circulação de uma cidade, seja de pessoas ou mercadorias. Por isso, para tais autores, não podemos pensar a cidade sem o trânsito. Porém, o verbo transitar, diferentemente do substantivo trânsito, traz consigo uma conotação mais ampla acerca das trajetórias humanas, remetendo aos percursos sociais inerentes da circulação urbana, enquanto o segundo parece estar invariavelmente associado ao deslocamento físico, sobretudo de veículos automotores. Contudo, como bem se sabe o trânsito não se faz apenas de veículos, mas também de pedestres e bicicletas, por exemplo. O maestro das cidades, no entanto, pode certamente ser associado não só à liberdade como a velocidade, pois individualiza o trajeto do sujeito, possibilitando exercer o controle de seus movimentos, permitindo a sensação de domínio espaço-tempo público, que pode se constituir de itinerários pré-definidos. Esses itinerários são definidos pelo condutor do veículo, diferentemente daqueles que precisam utilizar o transporte público. Com a organização do capitalismo moderno houve a aceleração dos ritmos econômicos. Os meios comunicacionais, a cibernética, as relações virtuais e mesmo o avanço tecnológico dos motores, cada vez mais potentes e velozes, representa economia de tempo e distância, o que acabou por legitimar a máxima: tempo é dinheiro. Questão que me remete ao filme de ficção científica, O preço do amanhã (In time, 2011), protagonizado por Justin Timberlake e Amanda Seyfried. No enredo futurista onde a ciência conseguiu isolar o gene do envelhecimento, como forma de controlar a superpopulação da terra, as pessoas são geneticamente modificadas para envelhecerem até os 25 anos. Só há um pequeno senão: assim que alcançam certa idade, as pessoas são “programadas” para viver apenas mais um ano. Seu tempo então passa a ser literalmente cronometrado através de um relógio subcutâneo implantado em cada indivíduo. Como efeito, o tempo torna-se a principal moeda de troca, exacerbando as desigualdades sociais. Enquanto os ricos permanecem indefinidamente com a aparência de alguém de 25 anos, tornando-se praticamente imortais, os pobres tem seu tempo contado e precisam lutar dia após dia para conseguirem mais tempo de vida, seja trabalhando para adquiri-lo, seja roubando-o ou mesmo como um pedinte de esmolas. O tempo, tomando o lugar da vida, como podemos ver na ficção, tornou-se um valor. No entanto, assim como assinala o filósofo alemão Robert Kurz, a aparente economia de tempo que resulta da velocidade trouxe uma inestimável, porém contraditória perda em uma das mais importantes qualidades de nossa vida: a qualidade do próprio tempo de vida. Levando ao que o autor chama de a aniquilação do tempo de vida. Nessa perspectiva, não é difícil acolher a ideia de que quanto mais tempo se economiza menos tempo se tem. Quem encontra tempo, nos dias que correm, para realizar um deslocamento qualquer pela sua cidade a pé ou de bicicleta, seja para algum compromisso, seja para um simples passeio ou mesmo para “matar tempo”? Aliás, Kurz bem lembra que a expressão “matar” tempo é uma invenção genuinamente capitalista. A professora Gislaine de Macedo e sua aluna Nila Carvalho, em artigo denominado Mobilidade humana e subjetividade: Por uma psicologia da deriva , alertam ainda para a atual forma de significar os espaços e as paisagens decorrentes do mundo contemporâneo. Segundo as autoras, o movimento, o transitório, a velocidade e o tempo volatizam as experiências humanas de viver e conviver. Bem como as formas de significação de nós mesmos, onde o corpo é levado pela sensação de velocidade que ocorre através de motores. Condicionando-os a operações mecânicas, dá-se a sensação de movimento sem que de fato nos movamos. Confundindo velocidade com movimento, o corpo, supostamente livre, se sujeita às experiências diárias tornando-se dócil e passivo em relação ao espaço. Também defendem a ideia de que a experiência contemporânea de locomoção, de ser transportado também transforma o lugar em não-lugar, dessensibiliza os sujeitos na sua relação com o espaço transformando-o em mero lugar de passagem. Desta forma entende-se porque o espaço público é tratado não apenas como um não-lugar, mas um lugar de ninguém, ao invés de um lugar de todos. Se a velocidade na mobilidade impera nos grandes centros urbanos, atualmente como sinal de progresso, esses lugares deixam de serem lugares de encontro com o outro e com o a cidade. Eles passam a representar simples vias de acesso, de corpos de passagem, a outros não-lugares ou lugares de ninguém. Gislaine de Macedo chega a se questionar se as colisões não seriam um possível sintoma da angústia humana na busca pelo outro, já que os encontros nos espaços urbanos parecem só tornarem-se possíveis nessas ocorrências. Portanto, é completamente compreensível quando o Engenheiro de Transporte e Sociólogo Eduardo Vasconcellos afirma, parafraseando o poeta Fernando Pessoa, que circular é preciso, viver não é preciso. Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- SERÁ ESSA A DURACELL DOS CARROS ELÉTRICOS?
"Tudo começou em 1973, quando desenvolvemos uma campanha publicitária inovadora para comunicar que as pilhas alcalinas da Duracell duravam muito mais do que as pilhas de zinco-carbono baratas e comuns. Criamos um coelhinho rosa e simpático que, alimentado por pilhas Duracell, conseguia superar todos os outros em uma série de desafios pitorescos." (Fonte: Duracell ) Quem está se aproximando da casa dos 40 (assim como eu), certamente ainda guarda lembranças da campanha publicitária citada acima. Aliás, às vezes me pergunto: o que vem acontecendo com os publicitários atualmente? Antigamente, talvez pela escassez de estímulos aos quais éramos submetidos, não era raro campanhas como essa ficarem durante anos na memória das pessoas. Atualmente, vejo campanhas viralizarem no mundo inteiro e dois ou três meses depois ninguém mais sequer lembrar. Mas não estamos aqui para falar de publicidade e sim eletricidade. Carros elétricos são, incontestavelmente, mais eficiente que os à combustão. Recentemente, a revista Quatro Rodas apresentou um interessante comparativo. Utilizando como exemplo o modelo elétrico mais vendido do Brasil atualmente, o BYD Dolphin, que tem 291 km de autonomia com sua bateria 100% carregada. Recarga que, caso fosse feita em casa, custaria em torno de R$45. Como parâmetro, utilizou-se um Renault Kwid, o carro à combustão mais eficiente do país na atualidade, que, para rodar a mesma distância, gastaria R$106, considerando um consumo misto entre cidade e estrada, e com gasolina a um valor de R$5,61/litro. Apesar da eficiência, veículos elétricos ainda encontram alguns empecilhos, especialmente quando se trata de autonomia e tempo de recarga. O BYD Dolphin, por exemplo, leva 7h para carregar a bateria de 30 a 80% em um carregador portátil de 3,3 kW. Esse tempo cai para 3,5h com um wallbox com potência de 6,6 kW, que é uma redução considerável, mas ainda uma eternidade se comparado ao abastecimento de um veículo convencional. Mas esse empecilhos podem estar com seus dias contados. As pilhas acima citadas são conhecidas por prometerem durar até 10 vezes mais em comparação com as pilhas comuns de zinco-carbono. E se tivéssemos, então, uma espécie de Duracell para os nossos veículos? Foi pensando nisso que a Startup chinesa Beijing Betavolt surpreendeu a todos no setor automotivo no final de janeiro, ao apresentar sua nova bateria nuclear automotiva , denominada BV100, que é capaz de fornecer 10 vezes mais energia e alcançar até (pasmem!) 50 anos de duração, sem necessidade de recarga nem manutenção. Imagine a possibilidade de, em um futuro não tão distante, trocar de carro e levar consigo a sua bateria para colocá-la no carro novo, assim como quem compra um brinquedo novo e usa as pilhas de um brinquedo antigo que já não funciona mais! Se os atuais EV's ainda são uma grande zebra em função das suas baterias, o coelhinho nuclear pode vir a ser o pulo do gato... LANÇAMENTO!
- AUTOZEN SPA AUTOMOTIVO: ONDE SEU CARRO ENCONTRA A PAZ INTERIOR.
O processo de humanização do automóvel sempre foi um assunto que me intrigou, sendo constantemente abordado em meus textos. Seja através da personalização , dos cuidados estéticos ou mesmo dos nomes com que são batizados, os carros ocupam um importante espaço na vida de seus donos, criando entre eles uma relação muitas vezes complexa e curiosa. Ainda que todos esses artifícios já tenham sido explorados, um vídeo que compartilhei recentemente me chamou atenção pela criatividade e originalidade quando se trata de humanização do automóvel: Quem diria que os carros também tinham coluna desalinhada, né? O sujeito do vídeo revelou um universo paralelo onde o capô tem vértebras, o freio de mão sofre de hérnia de disco e o retrovisor anda precisando urgentemente de sessões de relaxamento. Se continuar assim, não vai demorar muito até surgir terapia holística pra carros: alinhamento de aura, reiki nos pistões e acupuntura nos pneus. E vai ter coach automotivo dizendo que o problema do motor não é mecânico, mas sim falta de propósito. Pensando nisso, me ocorreu uma ideia: Depois de descobrir que carros também precisam destravar os chakras com quiropraxia, nada mais justo do que oferecer um dia completo de relaxamento para eles. Afinal, depois de aguentar congestionamentos intermináveis, buracos estratégicos e aquele motorista que nunca dá seta, seu carro merece um mimo. Então, apresento o Autozen SPA Automotivo : um lugar onde latarias estressadas encontram a paz interior. Lá serão ofertados os seguintes serviços: 1. Massagem Terapêutica no Capô. Adeus, tensão acumulada! Aqui, aplicamos técnicas avançadas de shiatsu no capô, soltando nós que você nem sabia que existiam. A cada pressão, um suspiro de alívio do radiador. Tem opção com pedras quentes também — mas calma, são apenas saquinhos de areia morna, nada de aquecer o motor além do recomendado. 2. Esfoliação Premium para a Lataria. O esfoliante é feito com uma mistura de cera de carnaúba e aquele polidor que promete tirar riscos, manchas, traumas de estacionamento apertado e até a inveja dos carros vizinhos. Tudo isso ao som de uma playlist relaxante: roncos suaves de V8 e o leve assobio de turbos alemães. 3. Aromaterapia para o Sistema de Ventilação. Chega de cheiro de tapete molhado! Aplicamos óleos essenciais diretamente nas saídas de ar: lavanda para reduzir a raiva no trânsito, capim-limão para manter a serenidade nos engarrafamentos e um toque de café para quando o tanque estiver quase na reserva. 4. Reflexologia nos Pneus. Inspirada na técnica milenar chinesa, essa terapia consiste em calibrar os pneus de acordo com os meridianos energéticos da suspensão. Além de aliviar a pressão (literalmente), ajuda a melhorar a aderência espiritual nas curvas da vida. 5. Hidromassagem no Radiador. Um banho revitalizante com aditivos especiais para limpar impurezas, mágoas antigas e aquele ferrugem emocional que seu carro carrega desde que ficou preso atrás de um caminhão de lixo. Inclui bolhas e um sais de banho antiferrugem. 6. Alinhamento de Chakras (ou Rodas). Aqui, o balanceamento vai além do físico: ajustamos as rodas de acordo com a energia vital do veículo. Rodas alinhadas garantem que o carro não puxe para o lado nem nas estradas da vida nem nas vias expressas. 7. Meditação Guiada para o Motor. Com o capô aberto, o motor é envolvido por incensos e frases motivacionais: “Você é forte, você consegue, você vai passar daquela lombada sem engasgar”. Nada como um coaching automotivo para renovar as marchas e a autoestima. 8. Detox de Diesel. Um tratamento especial para aqueles que exageraram no combustível de procedência duvidosa. Inclui filtros purificadores e um suco verde para o tanque (na verdade, é só um aditivo premium, mas quem precisa saber?). 9. Terapia de Cristais para os Faróis. Aplicamos cristais energizados nos faróis para afastar energias negativas, principalmente aquela do motorista que te fechou na marginal. Luz mais forte, foco renovado e inveja espelhada para os adversários. 10. Constelação Familiar para Caminhonetes. Descubra traumas ancestrais da sua picape: “Ela puxa pra direita porque sofreu abandono do dono anterior”. Essa terapia inclui abraços simbólicos no para-lama e uma conversa franca com o engate traseiro. Bônus: Coaching para o GPS. Para que ele pare de recalcular rota a cada esquina e finalmente tome decisões assertivas. Afinal, até o Waze merece ouvir um “você pode, você consegue”. Com tantos serviços, seu carro sairá do SPA renovado, espiritualmente alinhado e pronto para enfrentar qualquer blitz com a paz de um monge tibetano. E se perguntarem por que você gastou tanto com isso, é só responder: “É autocuidado automotivo”. Afinal, quem nunca precisou destravar uns chakras depois de pegar a Marginal Tietê às 18h? Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- SOBRE CAFÉ, MÉTODO CIENTÍFICO E MUDANÇAS NO CTB
Enquanto preparava meu café com leite batido de todas as manhãs, pensava “isso aqui é uma ciência!”. Após exatas oito colheres de chá de açúcar, meia colher de chá de café solúvel e três colheres de chá de água, bem batidas, completas com leite e levadas ao micro ondas por 2:30 minutos, as duas canecas de café com leite estarão prontas para serem deliciosamente degustadas, com a cremosidade e temperatura perfeitas. Pronto, entreguei minha receita… No entanto, embora pareça simples, essa receita é resultado de anos e anos de experimentação. Após um longo processo de tentativas e erro que me custou diversas canecas de leite jogadas pelo ralo, fora a imensurável quantidade de açúcar e café solúvel desperdiçados quando a “experiência” não resultava como esperado. Isso me remete ao artigo TRÂNSITO: O EXPERIMENTO EM ETERNA FASE DE TESTES… escrito recentemente, onde eu abordo brevemente sobre o método científico e os resultados obtido pelos nossos “brilhantes cientistas” ultimamente. Recentemente, temos observado uma série de propostas de modificações no CTB. É um tal de aprova, revoga, assina, cancela, marca, desmarca, remarca… assim como já abordei há algum tempo em O BODE NA SALA DA FAMÍLIA MERCOSUL . Fato que tem trazido bastante trabalho a especialistas da área de legislação de trânsito. Aos demais, menos afeiçoados à área como eu, resta vencer o desânimo de tentar se manter informado sobre as constantes mudanças e estudar, sob pena de passar vergonha, como me ocorreu nessa semana. Durante uma conversa no pátio do condomínio com um vizinho que é motorista de aplicativo, ele me questionou sobre as futuras mudanças previstas para o CTB. Perguntou se já estavam valendo, pois teria viajado recentemente e relatou não ter visto mais pardais (controladores eletrônicos de velocidade), nem na estrada nem na cidade. Diante à minha cara de desentendido, ele completou perguntando se eu sabia se iam mesmo tirar os aparelhos ou não. Expliquei que as mudanças estavam previstas para entrarem em vigor a partir do mês de abril, embora eu não soubesse em detalhes cada uma das alterações. Felizmente ele compreendeu o meu desânimo em tentar acompanhar as constantes mudanças. Diante desse ocorrido e de um posterior convite que recebi para comentar as tais mudanças em uma live para motoristas, não tive alternativas, senão procurar estudar. Nesse sentido, se alguém ainda tem dúvidas sobre o assunto, sugiro esse didático artigo escrito pelo Portal do Trânsito . Porém, salvo algumas raras exceções, a maioria das mudanças propostas ou implementadas ultimamente me parecem ainda não estarem embasadas em dados lá muito científicos. Muito pelo contrário, o que pauta nossas políticas de segurança no trânsito ainda parece ser o “prazer do condutor ao dirigir”. O que mais me preocupou nessa história toda não foi o fato do meu vizinho ter entendido, diante de alguma declaração aleatória dada pelo nosso excelentíssimo chefe de estado a respeito da retirada dos controladores, que esse projeto entraria em vigor no próximo mês de abril. O que me preocupou foi ter acreditado, diante a minha desinformação, que tal proposta estaria de fato presente no projeto. E assim o país segue na contramão da segurança viária, afrouxando leis e desconsiderando o exemplo de países que conseguiram alcançar reduções consideráveis nos números de mortes no trânsito. Metas alcançadas a partir de muito estudo e de dados científicos comprovados, não de “achismos”, populismos ou senso comum. Diferentemente do meu café batido, aqui nesse “experimento” são vidas que estaremos jogando pelo ralo. Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- VALOR DA MULTA CONFORME O VALOR DO VEÍCULO. ONDE ESTÁ A EQUIDADE SOCIAL?
Do alto dos meus 18 anos, enquanto office-boy , a primeira profissão que exerci de maneira formal, uma das minhas diversas atribuições consistia em realizar "tarefas externas" aos corretores da empresa, pequenos favores para que eles não precisassem se ausentar do escritório e, dessa forma, não perdessem importantes negócios. Uma dessas tarefas ocorria com uma frequência quase tão grande quanto a que eu ia aos bancos ou às agências dos Correios. Quase semanalmente, meu chefe me pedia para que fosse no Tudo Fácil, uma espécie de central de atendimento que oferece uma variedade de serviços presenciais de diferentes órgãos públicos e privados. Dentre eles o DETRAN-RS, onde eu levava as autuações (quase todas de dirigir falando ao celular) para reconhecer condutor, ou melhor, passar os pontos hora para a esposa, hora para a filha, hora para um sobrinho... Acho que eu só não recebi alguns pontos dele porque ainda não tinha habilitação! Desde essa época, antes mesmo de começar a trabalhar diretamente com trânsito, eu sempre me questionei: que diferença faz uma multa de 80 e poucos reais (àquela época) para um empresário que anda num Passat alemão e segue cometendo a mesma infração quase que semanalmente, pois fatura todo mês milhares de vezes o valor daquela multa? O deputado federal Kiko Celeguim (PT-SP), m uito provavelmente pensando nisso, criou uma proposta que, segundo ele, está fundamentada em princípios de justiça social. O Projeto de Lei 78/25 substitui o valor fixo das multas de trânsito por um percentual do preço de mercado do veículo e visa tornar o sistema de aplicação de multas de trânsito mais equitativo. O texto, em análise na Câmara dos Deputados, altera o Código de Trânsito Brasileiro . O deputado avalia que o modelo atual, de valores fixos, gera consequências desproporcionais entre os motoristas de diferentes classes sociais, e não pune adequadamente os condutores de alta renda. Segundo ele: "Enquanto para proprietários de automóveis de menor valor o impacto financeiro das multas pode ser extremamente significativo, para condutores de veículos de luxo, o mesmo valor torna-se irrisório", compara Celeguim. Desta forma, continua o deputado, a multa não funciona "como um elemento educativo ou dissuasório” (Fonte: Agência Câmara de Notícias ) Entendo perfeitamente e compartilho da mesma preocupação do nobre parlamentar. Porém, na minha singela opinião, isso se aplicaria muito bem a proprietários de SUVs gigantescas ou carros de luxo ou esportivos importados. Mas e quando o condutor não for necessariamente o proprietário do veículo? Como fica a situação de um caminhoneiro ou motorista de ônibus que, para conduzirem veículos que frequentemente chegam à casa dos milhões de reais, recebem um salário que é menor que um auxílio paletó? Se a PL substituísse o valor fixo das multas por um percentual da renda declarada do condutor ao invés do valor de mercado do veículo, teria todo o meu apoio. " Ah, Rodrigo... Mas eu posso fraudar a minha declaração do imposto de renda! " - você pode estar pensando. E eu respondo: " Sim! Por enquanto... ". A tecnologia está avançando a ponto de que tanto esse tipo de fraude, quanto partilhar a pontuação do meu prontuário da CNH com familiares e funcionários, sejam cada vez mais raras. Se hoje um simples smartphone já conta com sistemas de reconhecimento facial e de digital, você já se perguntou porque os veículos ainda não os têm? Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!
- SE MEU ESTACIONAMENTO FALASSE... 12 FORMAS DE TORNAR OS DESLOCAMENTOS MAIS SUSTENTÁVEIS NO SEU TRABALHO
Certa feita, aguardava diante do relógio-ponto os últimos minutos até que fechasse a minha carga horária. Ao ver que um senhor se aproximava com cara de quem ia puxar assunto, tirei o fone de um dos ouvidos e esperei. Enquanto se aproximava, ele olhava para os lados como a admirar uma bela paisagem. A empresa deve estar bem, hein?! - não demorou a concluir seu raciocínio, motivado muito em parte pela minha expressão de confusão - o estacionamento cheio de carrão ! Sorri amistosamente e me limitei a responder com um despretensioso " Depende ..." Dessa vez era ele quem ele quem estava com ar de confuso. Concluí meu raciocínio com a mesma velocidade que ele o fizera há alguns segundos: Em se tratando de um órgão que se propõe a gerir a mobilidade da cidade, penso que esse estacionamento poderia ter bem menos carros e mais bicicletas, por exemplo. Não acha? Da sua boca, em meio a um sorriso amarelo, pude ouvir um quase inaudível " é verdade...". Mudar hábitos nem sempre é uma tarefa fácil. Quanto mais uma cultura... Ainda assim, aprendi que se há algo que é capaz de motivar, incentivar e gerar mudanças, seja no âmbito que for, é o exemplo. Agir no micro sempre acaba gerando transformações em nível macro. Por isso, resolvi trazer para você uma dúzia de iniciativas para tornar a sua empresa um modelo local de transporte inteligente. Essas iniciativas ajudarão a criar uma cultura organizacional mais sustentável e colaborativa. Benefícios para o uso de transporte coletivo : Subsídios ou reembolso para quem utiliza transporte público. Carona solidária : Incentivar programas internos de caronas entre funcionários. Infraestrutura para bicicletas : Estacionamentos seguros e vestiários. Horários flexíveis e home office : Reduzem a necessidade de deslocamentos diários. Campanhas de conscientização : Palestras e materiais educativos destacando os benefícios ambientais e pessoais. Criação de um “Dia Sem Carro” : Estabelecer um dia da semana para que os funcionários experimentem alternativas ao carro. Concursos e Premiações : Oferecer recompensas para quem utiliza modos sustentáveis com mais frequência. Parcerias com aplicativos de mobilidade : Descontos em corridas compartilhadas ou aluguel de bicicletas e patinetes. Educação contínua : Workshops sobre planejamento de rotas e eficiência no transporte. Apoio ao transporte a pé : Melhorias nas calçadas e campanhas sobre os benefícios de caminhar. Van corporativa : Transporte locado para funcionários com maiores dificuldades de deslocamento, seja com rotas fixas ou porta a porta. Cartão de Ponto VIP : Cada vez que o funcionário vem de bike, ganha um carimbo especial. Com 10 carimbos, troca por um brinde. Numa sociedade onde não há mais espaço para o "faça o que eu digo, não faça o que eu faço", não estará na hora de começarmos as mudanças que queremos ver acontecerem na nossa cidade dentro de nossas próprias casas? Tem interesse pelo assunto? Gostaria de ler mais textos como esse? Então adquira agora o meu livro!