Já era noite. Minha esposa chegara há pouco do trabalho e eu preparava algo para a janta. Enquanto comentávamos sobre o nosso dia, ela vira a tela do seu telefone celular e me mostra uma fotografia. Por sinal, a mesma que encontra-se junto ao título desse texto. Reclama, visivelmente chateada, das condições de limpeza do centro da cidade, onde ela trabalha.
É incrível - diz ela, como Porto Alegre, uma cidade que tem ônibus elétricos e patinetes compartilhadas, não consegue fazer o básico... Olha a sujeira desse Centro!
Isso, segundo ela, a fez lembrar de quando morávamos em um bairro mais humilde e, não raro, passávamos diante de alguma casa tão pequena que a televisão de 65 polegadas (quando não era maior) pendurada na sala precisava ser assistida da rua! Contribuí com outros exemplos que foram surgindo, como a espetacular orla do Guaíba que, após revitalizada, ficou completamente submersa após a maior enchente da história do Estado. Obviamente que as somente 4 bombas de água em funcionamento (das 23 existentes) contribuíram bastante... Ou então, aqueles que se submetem a privações extremas no intuito de manterem seu carro, única e exclusivamente para não perderem seu status.
E finalmente, lembrei do rapaz que perdeu a vida recentemente numa patinete que se envolveu num sinistro com uma motocicleta. Mas enquanto lembrava de todos esses exemplos, uma frase dela ficou ecoando na minha cabeça: não consegue fazer o básico... não consegue fazer o básico...
Subitamente, sua frase sumiu, dando lugar a uma única sigla: Ideb. Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados em agosto, demonstram que a educação pública em Porto Alegre decaiu em qualidade. Ao mesmo passo, vêm subindo os números de mortes no trânsito da capital, que já são os maiores desde o ano de 2018. De janeiro do ano corrente até a presente data, já foram 75 vidas perdidas no trânsito porto-alegrense.
Em entrevista concedida para o canal Sul21, a doutora em educação Natália Gil, docente na Faculdade de Educação da UFRGS e especialista em estudos de quantificação educacional, afirma que:
“Se temos uma gestão que não se preocupa com a condição de vida dos moradores, não podemos resolver esse problema na escola”.
Seguindo a mesma linha de pensamento, "se temos uma gestão que não se preocupa com a educação dos moradores na escola, não podemos resolver esse problema nas vias”. A final, como sempre digo: NÃO ESPERE VER NO TRÂNSITO A EDUCAÇÃO QUE AS PESSOAS NÃO TÊM NA VIDA.
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