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Foto do escritorRodrigo Vargas

EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO: POR QUE NÃO COMEÇAMOS PELO BÁSICO?

Av. Salgado Filho. Centro Histórico de Porto Alegre.
Av. Salgado Filho. Centro Histórico de Porto Alegre.

Já era noite. Minha esposa chegara há pouco do trabalho e eu preparava algo para a janta. Enquanto comentávamos sobre o nosso dia, ela vira a tela do seu telefone celular e me mostra uma fotografia. Por sinal, a mesma que encontra-se junto ao título desse texto. Reclama, visivelmente chateada, das condições de limpeza do centro da cidade, onde ela trabalha.


É incrível - diz ela, como Porto Alegre, uma cidade que tem ônibus elétricos e patinetes compartilhadas, não consegue fazer o básico... Olha a sujeira desse Centro!


Isso, segundo ela, a fez lembrar de quando morávamos em um bairro mais humilde e, não raro, passávamos diante de alguma casa tão pequena que a televisão de 65 polegadas (quando não era maior) pendurada na sala precisava ser assistida da rua! Contribuí com outros exemplos que foram surgindo, como a espetacular orla do Guaíba que, após revitalizada, ficou completamente submersa após a maior enchente da história do Estado. Obviamente que as somente 4 bombas de água em funcionamento (das 23 existentes) contribuíram bastante... Ou então, aqueles que se submetem a privações extremas no intuito de manterem seu carro, única e exclusivamente para não perderem seu status.



E finalmente, lembrei do rapaz que perdeu a vida recentemente numa patinete que se envolveu num sinistro com uma motocicleta. Mas enquanto lembrava de todos esses exemplos, uma frase dela ficou ecoando na minha cabeça: não consegue fazer o básico... não consegue fazer o básico...


Subitamente, sua frase sumiu, dando lugar a uma única sigla: Ideb. Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados em agosto, demonstram que a educação pública em Porto Alegre decaiu em qualidade. Ao mesmo passo, vêm subindo os números de mortes no trânsito da capital, que já são os maiores desde o ano de 2018. De janeiro do ano corrente até a presente data, já foram 75 vidas perdidas no trânsito porto-alegrense.


Em entrevista concedida para o canal Sul21, a doutora em educação Natália Gil, docente na Faculdade de Educação da UFRGS e especialista em estudos de quantificação educacional, afirma que:


“Se temos uma gestão que não se preocupa com a condição de vida dos moradores, não podemos resolver esse problema na escola”.

Seguindo a mesma linha de pensamento, "se temos uma gestão que não se preocupa com a educação dos moradores na escola, não podemos resolver esse problema nas vias”. A final, como sempre digo: NÃO ESPERE VER NO TRÂNSITO A EDUCAÇÃO QUE AS PESSOAS NÃO TÊM NA VIDA.


 

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